VIVER FELIZ 
Construir a sua felicidade no dia a dia

A felicidade reside na capacidade de saborear o momento presente. Uma atitude que se adquire ao encarar positivamente os inevitáveis problemas do quotidiano.

Longe de ser externa a nós, a felicidade vem de dentro de nós. Está no prazer de viver, no desejo e vontade de existir. Portanto, não basta ser jovem, rico e saudável para ser feliz.

Uma visão pessoal da felicidade 

Cada um tem a sua própria versão de felicidade. Durante uma excursão na montanha, alguns, achando o caminho muito íngreme, voltam para o refúgio para descansar (felicidade de tranquilidade); achando que já subiram o suficiente, outros param a meio do percurso para admirar a paisagem (felicidade de prazer). Finalmente, os últimos continuam a suar para alcançar o cume (felicidade de desenvolvimento).

A felicidade desenvolve-se ao longo dos anos 

Como os grandes vinhos, a capacidade para ser feliz desenvolve-se com os anos.

A nossa experiência de vida aumenta a nossa inteligência da felicidade.

A felicidade é a afirmação de um desejo pessoal e não a adesão às normas que a sociedade de consumo nos quer impor.

Ao fazer-nos acreditar que precisamos de possuir para sermos felizes, esta sociedade mantém a confusão entre desejo e necessidade. Muitas vezes observei que as pessoas satisfeitas com a sua vida consomem pouco.

Não se tornar infeliz 

Alguns sofrimentos da infância que não foram apaziguados às vezes impedem-nos de nos conceder o direito à felicidade, como se não a merecêssemos.

A felicidade requer um mínimo de autoestima, mas também liberdade de pensamento. Uma pessoa autónoma sabe enfrentar melhor as dificuldades da existência e aproveitar os seus benefícios.

Todos os estudos mostram que é mais fácil melhorar o nosso humor agindo do que refletindo. Quem nos sugere adaptar a nossa mente às situações que poderiam tornar-nos infelizes.

Evitar pensamentos negativos no dia a dia 

As emoções negativas surgem com o stress. Em vez de protestar contra o trânsito, pergunte-se antes porque está de mau humor. Sendo atento ao seu estado de espírito, conseguirá controlá-lo melhor.

A forma como olhamos para o mundo depende pouco do nosso julgamento, sendo profundamente influenciada pelo nosso humor. Quanto mais sobrecarregada estiver a mãe, mais acha que o seu filho é irritante. Por isso, antes de repreender o seu filho, é importante tirar algum tempo para si.

Quando a tristeza nos invade, vemos a vida de forma negativa. Abandonarmo-nos ao sentimento de infelicidade pode fazer-nos passar da emoção (sinto-me infeliz) para a visão (tenho uma vida infeliz). Em vez de ficarmos a remoer os nossos males, reagimos e mergulhamos num romance policial ou vamos ao cinema. Isolando-nos, somos apanhados numa espiral: quanto menos saímos, menos sociáveis somos e mais tristes ficamos.

O objetivo das atividades agradáveis não é tornar-nos felizes, mas evitar que o mal-estar se agrave ou se instale permanentemente.

Mudar de perspetiva sobre a felicidade 

Algumas disposições mentais devem ser privilegiadas, permitindo adotar a atitude defendida pelo provérbio: “Mais vale ver o copo meio cheio do que meio vazio.”

  • Não se deixar invadir pela ansiedade: ao prever sempre o pior, parasitamos o nosso bom humor. Ver as coisas de forma otimista, sem cair no método Coué, tem um efeito positivo inegável.
  • Colocar os pequenos eventos na sua devida perspetiva. Se um ente querido se comportou injustamente consigo, evite reagir de forma precipitada para não agravar as relações. Deixe a sua raiva ou tristeza dissolver-se com o tempo, o que o ajudará a relativizar os factos.
  • Saborear o mais frequentemente possível todos os momentos de felicidade, até escrevendo-os.
  • Enfrentar as provações da vida, em vez de reprimir o sofrimento.

A psique empobrece, perde sensibilidade, tornando-se muito menos recetiva a toda a paleta emocional, incluindo as experiências de prazer. A felicidade só pode ser sentida em alternância com o seu contrário.

A felicidade, uma aptidão a adquirir desde a infância 

Uma criança é uma grande observadora, à qual se ensinam lições de vida sem querer. As suas reações aos eventos não lhe passam despercebidas. Saiba dar-lhe o bom exemplo, reagindo de forma apropriada.

  • Ensine-lhe a relativizar os seus problemas, com humor ou uma gargalhada saudável.
  • Ajude-o a saborear os momentos de felicidade que lhe oferece. Este é o presente mais bonito que lhe pode dar.

No entanto, mimar uma criança não a torna mais feliz.

A higiene de vida contribui para a felicidade 

Um estudo publicado em agosto de 2021 pelo Journal of Happiness Studies mostra que também existe uma causalidade positiva entre o estilo de vida e a satisfação com a vida. Mais especificamente, este estudo, conduzido por investigadores das universidades de Kent e de Reading, consistiu em examinar mais de perto o impacto de duas medidas do estilo de vida, nomeadamente o consumo de frutas e vegetais e a atividade física, no bem-estar individual. Esta pesquisa baseia-se nos dados de 14 159 indivíduos membros de uma coorte britânica.

Os participantes responderam a perguntas sobre a sua satisfação com a vida, juntamente com questões sobre o seu consumo de frutas/vegetais e a sua prática de exercício físico. Os investigadores constataram que é o consumo de frutas e vegetais e a prática de exercício físico que torna as pessoas felizes, e não o contrário, e que, enquanto os homens tendem a fazer mais exercício físico, as mulheres são mais propensas a consumir frutas e vegetais. Os resultados também demonstram que a capacidade dos indivíduos de exercer autocontrolo desempenha um papel importante nas decisões relacionadas com o estilo de vida.

Por sua vez, “esta tendência tem um impacto positivo no bem-estar.”, sublinha a equipa científica, que acredita que estes resultados podem ter implicações importantes para as políticas de saúde pública. De facto, é bem conhecido que as doenças relacionadas com o estilo de vida são uma das principais causas de má saúde e mortalidade no mundo. Depois de ter em conta vários fatores como o sexo, o nível de vida, a idade, a educação, a área de residência (rural/urbana), os investigadores constataram que, embora a influência positiva destes dois hábitos possa variar em cada categoria, ela permanece sempre muito significativa.