OCEAN THERAPY 
Quais são os benefícios?

 

Se preservar os oceanos é vital para o planeta, também o é para o nosso bem-estar: descubra a sua influência sobre a nossa mente e corpo para aproveitá-los durante o verão e até nas outras estações. Quais são os benefícios da ocean therapy?

Quais são os benefícios da ocean therapy? 

A ocean therapy tem múltiplos benefícios. A sua prática permite relaxar e proporciona uma sensação de bem-estar. Aqui estão os efeitos benéficos desta terapia na nossa mente.

 

O oceano reconecta-nos a nós mesmos 

Já reparou como o cheiro do mar desperta memórias? Os responsáveis são os recetores olfativos que revestem o seu nariz e estão ligados à zona do cérebro que gere a memória e as emoções. Uma lufada de ar marinho e já está imerso numa nostalgia feliz, aquela das férias e da infância. O ambiente oceânico também favorece um estado de plena consciência; é o que chamamos de um estado suave. A luz que se reflete na água, o som das ondas, o cheiro das algas… captam a atenção sem que o cérebro precise de gastar muita energia. 

O oceano, com as suas formas simples, a sua linha – o horizonte – simples, os seus sons puros, não sobrecarrega o cérebro: como a carga cognitiva é menor, é um ambiente que nos revigora.

 

Ele melhora o nosso humor 

As pessoas que mais sofrem de ansiedade e depressão passam menos tempo na natureza. No entanto, quando estamos em baixo, ela ajuda-nos a sentir melhor, a afastar pensamentos negativos. Quanto melhor é o nosso humor, mais queremos passear na natureza… o que nos deixa ainda de melhor humor, e este efeito é particularmente acentuado num ambiente marinho. A água é uma das características predominantes das paisagens ditas “restauradoras”, que provocam reações positivas. 

Para os amantes do oceano, as consequências desta reconexão com a natureza são uma melhoria significativa no humor positivo, uma redução no humor negativo, e uma melhor memorização, pois à beira-mar, o nosso sistema de atenção é colocado em repouso.

 

Cultiva a nossa humildade e o nosso deslumbramento 

O mar é uma fonte de oxigénio, de alimento, de tratamentos, de prazer e de lazer. A imensidão dos oceanos é uma fonte de beleza e de vida sem igual, este ambiente capta-nos tão bem que cada vez que o observamos, descentramos-nos. E este efeito é “universal”. 

O escritor Romain Rolland, nas suas discussões com Sigmund Freud, chegou a evocar a existência de um “sentimento oceânico”. Além disso, a imagem do mar constantemente em movimento, a imensidão das extensões de água, a ausência de fronteiras, de limites, a impressão de infinito, alimentam, segundo ele, uma “sensação de eternidade”.

 

O grande azul estimula todos os sentidos 

Do azul em todas as suas tonalidades até perder de vista, o som suave e regular das ondas, o cheiro do ar marinho, o sabor salgado das borrifadas, a sensação da água na pele… O mar é um dos raros ambientes polissensoriais. À beira-mar, os nossos cinco sentidos estão mais aguçados, mas o que torna este lugar tão especial é que todos estes estímulos despertam emoções positivas. Pois um ambiente que nos faz sentir, ver, saborear, ouvir e tocar ao mesmo tempo faz-nos sentir vivos, mantém o corpo desperto, recetivo a estes múltiplos estímulos.

 

O oceano permite-nos acalmar e relaxar 

O relaxamento que sentimos à beira-mar é bem real. Explica-se, nomeadamente, pela “hibernação” de uma pequena área do nosso cérebro, a amígdala. O complexo amigdalino tem como função decodificar os estímulos ameaçadores para o organismo. É muito ativo num ambiente urbano, devido aos ruídos intempestivos, à agitação que nos rodeia… Os sons do mar têm a vantagem de oferecer uma grande ritmicidade. Os movimentos da superfície da água são leves e previsíveis. Graças a esta “segurança oceânica”, a amígdala fica em repouso, estamos menos stressados e temos menos tendência a remoer.

 

Reforça os laços sociais 

Este é talvez um dos efeitos mais surpreendentes dos “espaços azuis”: eles reforçam os laços sociais, um fator importante para uma boa saúde mental. Estudámos longamente os comportamentos das pessoas que visitam a costa. Em todo o mundo, as visitas à beira-mar são muitas vezes momentos partilhados, em família ou entre amigos. Também observámos que as pessoas conversam mais facilmente, participam juntas em atividades, desligam mais os seus telemóveis e apreciam mais o estar no momento. Além disso, como restaura os recursos cognitivos, também conseguimos prestar mais atenção aos outros.

 

Revitalisa 

O estudo MENE (Monitor of Engagement with the Natural Environment ou Monitorização do Envolvimento com o Ambiente Natural) analisou os benefícios para a saúde de diferentes espaços naturais: espaços verdes urbanos, espaços verdes rurais e ambientes costeiros. Constatou-se que as estadias na costa são as mais revitalizantes para o organismo. A costa foi percebida como mais “restauradora” do que a planície, tanto quanto os terrenos arborizados e as terras altas.

 

Oceano e serenidade: como explicar o efeito “my ocean therapy”? 

As zonas costeiras fazem parte dos raros espaços onde o nosso campo de visão é infinito. Por que observar o horizonte gera tanta serenidade? 

Isso pode ser explicado por uma teoria evolucionista mencionada pela primeira vez na década de 1980, a biofilia. O ser humano estaria, de forma inata, conectado à natureza, e esse comportamento estaria nos seus próprios genes. 

Um horizonte desimpedido permitir-nos-ia antecipar todos os perigos que poderiam surgir. Isso seria, de certa forma, um resquício arcaico que persiste no nosso cérebro. O alcance da nossa visão é excecional quando estamos à beira-mar e o nosso cérebro reptiliano não tem informações a processar. 

 

É o caso independentemente do contexto? 

A noção de calma associada ao oceano é relativamente recente. Historicamente, o mar não era considerado um ambiente relaxante, mas sim rude e hostil. Hoje, aproveitamos os benefícios da natureza quando esta é domesticada, humanizada. Os caminhos para aceder são sinalizados, podemos afastar-nos quando quisermos, e permanecemos perto de todas as comodidades… Sem esses fatores, a nossa experiência de imersão não seria tão positiva. 

 

Como praticar a ocean therapy? 

Aqui estão sete rituais de bem-estar impulsionados pelo oceano para cuidar de si e reencontrar pequenos prazeres. Conselhos práticos e rotinas clássicas cujas virtudes podem ser acentuadas pelo ambiente marinho.

Meditar ao som das ondas 

Na prática: sente-se confortavelmente perto da água com as pernas cruzadas, as costas direitas. Feche os olhos e relaxe todos os músculos do corpo. Concentre-se primeiro na sua respiração e depois foque-se no som regular da água. Gradualmente, a sua respiração alinhar-se-á com o ritmo das ondas. Retome suavemente o contacto com os outros sentidos antes de terminar a meditação. 

Gostamos por… reduzir o stress e a ansiedade, melhorar a criatividade, aumentar os níveis de energia. Meditar na praia é ainda mais eficaz, pois as ondas produzem um som branco, a banda sonora perfeita para se concentrar. 

Condições ideais: um momento do dia com pouca movimentação, para não ser perturbado por ruídos inesperados.

 

Caminhar descalço na areia 

Na prática: tirar os sapatos para caminhar descalço na natureza tem um nome: “earthing”! Caminhe ao seu ritmo. Foque-se nas sensações das plantas dos seus pés, no toque da areia seca ou molhada, das pedras ou seixos… Em apenas 30 minutos, o “earthing” já tem efeitos positivos. 

Gostamos por… reconectar-se às energias da terra, diminuir o cansaço, melhorar o humor. Enterrar-se ligeiramente na areia a cada passo exige um trabalho muscular nos gémeos e ativa assim a circulação sanguínea. Bónus: a sensação da areia quente sob os pés tem propriedades relaxantes e ajuda a libertar tensões. 

Condições ideais: fora das horas mais quentes do dia, pois a areia pode ficar escaldante.

 

Praticar a respiração diafragmática 

A respiração diafragmática, também chamada respiração abdominal, é muito eficaz para combater o stress e relaxar. 

Na prática: deite-se numa toalha, perto da água, de costas. Feche os olhos e coloque as mãos no abdómen. Relaxe todos os músculos do corpo e comece a respirar lentamente pelo nariz: inspire enchendo primeiro o abdómen e depois o peito; expire esvaziando o abdómen e depois o peito. A duração ideal é entre 2 e 5 minutos. 

Gostamos por… a respiração consciente ajuda a regular as emoções, promove o sono e acalma a mente. O ar do mar, com o seu perfume revigorante, muito rico em oxigénio (50% do oxigénio produzido na Terra vem do oceano, segundo o IPCC), é um verdadeiro impulso para o organismo. 

Condições ideais: em qualquer lugar e a qualquer momento. Certifique-se de não ser interrompido durante o exercício.

 

Observar os animais marinhos 

Na prática: se tiver a sorte de poder organizar uma saída com um clube de mergulho, é o ideal! Mas a vida marinha está ao alcance com um simples conjunto de máscara + snorkel + barbatanas. Avance devagar, deixe-se levar pela água e observe tudo ao seu redor. Tire tempo para se maravilhar com os menores sinais de vida. 

Gostamos por… o relaxamento imediato que se sente, numa bolha sonora, num mundo com cores e luzes filtradas pela água. Esta atividade favorece a plena consciência e ancora no momento presente. Observar a fauna marinha é uma experiência gratificante, associada a um sentimento de felicidade. 

Condições ideais: fora de zonas com correntes fortes, pouco adequadas para mergulho. Faça uma pausa a cada 30 minutos, para que o corpo não arrefeça demasiado na água.

 

Fazer a prancha 

Na prática: relaxe todos os músculos e deixe que a flutuabilidade da água faça efeito. Você começará a flutuar naturalmente até ficar deitado de costas. Deixe-se embalar pelas ondulações, sem tentar controlar o movimento. Para uma imersão total, feche os olhos. 

Gostamos por… reduzir as tensões e permitir o desapego. A estimulação sensorial está no auge: seus ouvidos submersos captam sons suavizados, enquanto a pele é acariciada pela suavidade das ondas aquáticas… 

Condições ideais: algumas águas são muito agitadas para tentar flutuar, por isso é melhor evitá-las, assim como zonas com correntes.

 

Caminhar na água 

Na prática: para um passeio relaxante, caminhe com água até os tornozelos. Para uma caminhada mais desportiva, mergulhe até à cintura ou ao peito: a resistência da água obriga a dar passos lentos, sem tentar acelerar. Caminhe ao longo da praia. 

Gostamos por… os benefícios da caminhada sem impacto nas articulações. A massagem suave da água na pele conecta mais o corpo ao ambiente, promovendo assim a atenção plena e a concentração. 

Condições ideais: o mar, por ser mais calmo, é mais adequado para este tipo de atividade. No litoral oceânico, prefira áreas onde as ondas não sejam muito fortes.

 

Alongar-se com posturas de ioga 

Na prática: coloque o seu tapete de ioga numa superfície plana. Comece a sessão em pé, na frente do tapete, voltado para o mar. Faça sequências que incluam saudações ao sol durante 5 a 10 minutos. Para estar em sintonia com os elementos, pratique esses alongamentos ao nascer do sol. 

Gostamos por… o relaxamento proporcionado pelo alongamento de todo o corpo, melhor oxigenação do cérebro. As ondas de luz no início do dia favorecem o despertar e a concentração. A areia também oferece uma superfície ligeiramente instável, o que estimula o sentido de equilíbrio. 

Condições ideais: um local calmo e pouco movimentado, idealmente ao amanhecer.