ASSEXUALIDADE E VIDA A DOIS
Compreender a ausência de desejo no casal
Uma relação sentimental estável passa necessariamente por uma sexualidade satisfatória? Nem sempre. Para homens e mulheres assexuais, os prazeres carnais não são o motor do amor.
Esse fato pode, por vezes (ou muitas vezes), ser difícil de aceitar para um dos parceiros, que se sente frustrado. Então, como lidar com essa ausência de desejo? Como aproveitar a vida a dois sem vida sexual?
O que é a assexualidade?
Para começar, vamos definir o termo “assexualidade”: trata-se de uma orientação sexual caracterizada pela ausência de atração sexual. Sexo a sós, a dois ou em grupo, os assexuais (também chamados de ace) simplesmente não sentem vontade.
Contrariamente ao que muitos pensam, a assexualidade não é um distúrbio sexual. Assim como a homossexualidade ou a heterossexualidade, a assexualidade é uma orientação sexual que não se escolhe.
Além disso, existem diferentes formas de assexualidade: há aqueles que podem sentir desejo sexual em casos particulares, aqueles que sentem pouca ou nenhuma atração sexual, e aqueles que experimentam sentimentos sexuais que desaparecem assim que se tornam recíprocos.
É importante não confundir assexualidade com patologias como a aversão ao sexo, que se caracteriza por um verdadeiro sentimento de repulsa diante do sexo.
Amor e atração… mas sem sexo
Homens e mulheres assexuais não sentem necessidade ou vontade de ter relações sexuais com outras pessoas. Contudo, podem buscar prazer de outras formas relacionais, como o toque, jogos sensuais, o candaulismo, ou afinidades intelectuais e emocionais.
O primeiro passo é, portanto, aceitar um fato: o relacionamento amoroso pode existir sem um relacionamento físico… E a vida a dois também, embora possa não ser sempre fácil.
A assexualidade, mais difícil para os homens?
Embora não seja um distúrbio, a assexualidade não deixa de ser difícil de viver, pois a sexualidade é vista como uma norma nos relacionamentos. No caso dos homens, muitas vezes é equivocadamente associada à impotência.
A “pressão pela performance sexual” é muito grande, o que torna frequentemente difícil para um homem assumir sua assexualidade em um relacionamento com uma mulher. E fazer com que a parceira entenda que a falta de desejo não significa necessariamente uma “falta de amor”. A busca por uma parceira compreensiva pode ser longa… Mas um ponto a considerar: essa busca não é mais fácil para homens que procuram a sintonia sexual perfeita.
Como viver a dois sendo assexual?
O que fazer se tu, ou o teu parceiro, és assexual? Se a sexualidade é uma parte essencial para o teu bem-estar ou para o da tua parceira, as coisas podem complicar-se. Como agir, então, se valorizas a vida a dois?
Começa por negociar os termos da vossa relação e reflete sobre as questões fundamentais: por que motivo a relação deveria ser exclusiva? A fidelidade não se baseia noutros planos, como o afetivo, o intelectual ou outro? O mais importante é encontrar o melhor compromisso possível para evitar frustrações. E compromisso significa concessões de ambas as partes, com uma abertura de espírito indispensável.
É importante lembrar que nem todas as pessoas procuram uma sexualidade ativa e satisfatória. A assexualidade está profundamente enraizada na personalidade das pessoas ace. Ainda não se conhecem as suas origens: talvez esteja relacionada com fatores hormonais ou com eventos marcantes na vida da pessoa? O que é certo é que não depende de costumes ou valores.
Lembra-te apenas de que, para algumas pessoas, fazer amor não é uma finalidade. Muito menos uma prova de felicidade no casal.