ANDROPAUSA
Sexualidade e envelhecimento no homem
O QUE É A ANDROPAUSA?
A testosterona é a hormona que confere as características masculinas típicas. Responsável pelo desenvolvimento e pela manutenção da força, da saúde dos músculos e dos ossos, assim como pelo desenvolvimento dos órgãos genitais externos, pela aparição dos caracteres sexuais secundários e pelo desejo sexual no homem, trata-se da hormona masculina mais importante produzida pelo corpo humano.
Ao longo da vida de um homem, o nível de testosterona flutua em função de vários fatores, incluindo a idade, fora de qualquer contexto patológico.
É a partir dos 30 anos que o nível de testosterona começa a baixar, podendo atingir uma redução de -50% a -80% nos piores cenários aos 70 anos.
A andropausa ocorre geralmente após os cinquenta anos e caracteriza-se pela diminuição progressiva da produção hormonal masculina e pelos efeitos psicofisiológicos a ela associados.
A ANDROPAUSA NÃO É UMA MENOPAUSA MASCULINA
A andropausa é um termo ambíguo, muitas vezes utilizado em comparação com a menopausa, que designa a cessação abrupta da produção de hormonas ováricas na mulher. Ora, o homem não perde a sua capacidade reprodutiva, não há uma paragem na produção de testosterona, mas sim uma diminuição progressiva ao longo da sua vida.
Apresentar a andropausa como o equivalente da menopausa não corresponde à realidade.
Por isso, os cientistas propõem a noção de DALA, “Défice Androgénico Relacionado com a Idade”, para designar o fenómeno tanto fisiológico como psicológico relacionado com o envelhecimento no homem com mais de 50 anos.
REPERCUSSÕES FISIOLÓGICAS E PSICOLÓGICAS
Embora a diminuição da testosterona faça parte do curso normal da vida, a partir dos cinquenta anos uma redução significativa do nível de hormonas masculinas manifesta-se por alterações corporais e psicológicas mais ou menos intensas, dependendo dos indivíduos.
No plano físico:
- Falta de energia/cansaço
- Diminuição da força e da massa muscular
- Diminuição da massa óssea
- Aumento de peso / Aumento da massa gorda
- Ginecomastia (desenvolvimento anormal dos seios)
- Ondas de calor
- Disfunção eréctil
- Distúrbios do sono
No plano psicológico:
- Depressão/retraimento
- Irritabilidade e variações de humor
- Diminuição do desejo sexual
- Ansiedade/medos
- Perda de autoconfiança
- Sentimento de solidão
- Nostalgia
- Obsessão com a morte
ANDROPAUSA E SEXUALIDADE
O homem mantém a sua capacidade reprodutiva até à sua morte, embora a quantidade e a qualidade dos espermatozoides diminuam.
As maiores mudanças ocorrem entre os 50 e os 70 anos e não estão unicamente relacionadas com a diminuição da testosterona, mas com o acentuar do processo de degeneração global inerente ao envelhecimento.
Os sintomas psicológicos parecem ser provocados pela ansiedade de desempenho e menos por alterações hormonais no homem envelhecido.
Na verdade, as principais consequências manifestam-se pela diminuição e não pela perda do desejo sexual, bem como pela diminuição da capacidade erétil.
A espontaneidade erétil constitui a alteração mais marcante: um simples pensamento sexual ou a visão de uma cena erótica já não são suficientes para provocar uma ereção após os 60 anos. Em contrapartida, uma vez provocada, a ereção pode ser mantida facilmente até à ejaculação. O período refratário a qualquer estimulação (ou seja, o intervalo de tempo entre a ejaculação e uma nova ereção) dura, por sua vez, mais tempo.
Deste modo, alguns homens necessitarão de uma maior estimulação física por parte do parceiro para alcançar graus de excitação suficientes.
Notemos que, para além dos distúrbios sexuais enfrentados pelos homens após os cinquenta anos, as suas experiências sexuais desempenham um papel importante no seu controlo ejaculatório.
Além disso, a libertação emocional, necessária para o prazer presente, influencia o bom funcionamento dos encontros sexuais.
OS HOMENS FACE ÀS MUDANÇAS: ENTRAR EM PÂNICO OU ADAPTAR-SE?
Face a todas estas mudanças, alguns homens entram em pânico. Em vez de enfrentarem a sua natureza e adaptarem-se ao seu corpo envelhecido, esses homens multiplicam comportamentos desviantes, como experiências sexuais desregradas ou o consumo de drogas, procurando assim sensações fortes.
Outros investem-se mais no seu trabalho e envolvem-se em múltiplas atividades.
Infelizmente, a realidade apanha esses homens mais cedo ou mais tarde… e eles percebem, mais cedo ou mais tarde, que o elixir da juventude não existe.
Os homens conscientes de que a natureza humana está em declínio, de que cada idade tem a sua experiência, aceitam o seu estado e deslocam naturalmente o interesse sexual da genitalidade para a sensualidade. Assim, para esses homens mais maduros, a dimensão afetiva e relacional assume todo o seu significado.
O PAPEL DO PARCEIRO
Face ao envelhecimento, homens e mulheres experimentam mudanças graduais e normais. Encontram-se sobrecarregados, confrontados com fenómenos psicofisiológicos sobre os quais não têm qualquer controlo.
Num casal, podemos transformar-nos em verdadeiros cúmplices, prestando-nos uma ajuda recíproca preciosa ou, pelo contrário, tornando a vida um inferno e tornando-nos verdadeiros inimigos íntimos.
Tomar consciência das dificuldades do outro é essencial e desempenha um papel muito importante no comportamento sexual do indivíduo em dificuldade.
O homem andropáusico receia não estar à altura e receia não satisfazer o seu parceiro. Pode recusar mais vezes do que antes as propostas do seu cônjuge.
Alguns parceiros podem culpar-se pelas dificuldades sexuais do seu companheiro e agravar as reações psicológicas destes últimos. Além disso, é essencial não interpretar as diminuições de entusiasmo do cônjuge como uma rejeição pessoal.
A abertura de espírito face à experimentação sexual, a colaboração, a escuta e o respeito pela experiência pessoal do outro (expressa ou não) são fundamentais para preservar a harmonia do casal.
Pelo contrário, as reticências, as culpas ou as pressões levam o homem a evitar o outro ou a procurar alívio noutro lugar.